31 de maio de 2013

Rio Canhoto



Rio Canhoto
O rio Canhoto tem sua origem na serra do Papagaio, no município de São João, antigo distrito de Garanhuns, em Pernambuco. Naquele estado atravessa os municípios de Angelim e Canhotinho. Em alagoas cortas as terras de São José da Laje, indo juntar-se ao rio Mundaú.
Em Pernambuco, o rio Canhoto está situado na Zona do Agreste, com vegetação característica, e é temporário. Já em Alagoas dá-se o contrário: em suas margens, a vegetação é abundante, apesar de bastante desmatadas, é permanente.

Sua extensão, da nascente até o encontro com o Mundaú, é de aproximadamente 80 Km.

Os afluentes, no lado alagoano são: Cabodé, Pombal, Santo Antonio, Pulas e Gibóia este último foi barrado na altura de Valparaíso e suas águas depois de ser na estação de tratamento beneficiada é consumida pela população lajense.

O Rio Canhoto tornou-se mundialmente conhecido após a catástrofe ocorrida em 14 de março de 1969, onde o alto volume d’água causou a tragédia no município, hoje comparada com o que acontece na índia com as ondas gigantes




Poesia sobre história da enchente de 1969
A catástrofe de 14 de Março de 1969 em São José da Laje

Oh Santo Deus Criador
Dá-me força e coragem
Pra contar sem pabulagem
A catástrofe que se deu
Lá em São José da Laje

No dia 13 a tardinha
Começou a chuviscar
No vale do Rio Canhoto
Isto eu posso provar
Porém ninguém sabia
Que a Laje neste dia ia se acabar

No dia 14 de março, do ano de 69.
Vivemos uma cena dramática
Que a todo mundo comove
Ela por cima da ponte
Desceu até automóvel

Foi no estado de Pernambuco
Que a nuvem se rasgou
Para acabar os cristãos
Filhos de Nosso Senhor
Pois sé ficou o lageiro
Por onde a água passou

E a ponte Ferroviária
Desta vez se acabou
Quando a água fez represa
Quase a Usina acabou
Deu u tiro tão danado
Que a terra estrondou

A água saindo de Pernambuco
Foi chegando em Alagoas
Fez muita coisa ruim
Deixou muita gente a toa
Deixou tanta gente ruim
Matou muita gente boa

Na Usina Serra Grande
O castigo foi pesado
Lá no sítio Canivete
Deixou tudo arrasado
Matou bichos, matou gente
Deixando tudo acabado

Uma parteira que foi
Fazer um parto apressado
Quando a criança nasceu
Foi antes da 2 horas
Quando a enchente chegou
Todos três foram embora

No hospital de Pronto Socorro
Havia muitos doentes
A cheia chegou matando
Todos aqueles pacientes
Coitado do Pronto Socorro
Não restou nem a semente

O cinema do Vicente
Desta vez se acabou
Ele perdeu uma filha
Que a água não polpou
Ver sua casa caindo
O fez morre de dor

Lá na Rua do Limão
O negocio engrossou
A família de Manoel Pedro
Na água se acabou
Sete pessoas que tinha
Todos eles embarcou
O pobre Mané Caiau

Desta vez não escapou
Na cheia de 41
Foi que ele malucou
Pois nesta que veio agora
Sua vida terminou

A laje estava em festa
Era grande a animação
Era a festa do padroeiro
Tinha barracas e leilão
A cheia passou lá o rodo
E só ficou lá o chão

Georgina saiu de casa
Carregando pelo terreiro
A água batendo atrás
Ela subiu nos banheiros
Gritava por meu Padre Cícero
Valei-me meu Padroeiro

O vigário da paróquia
Alarmou logo o sino
Fazendo preces e rezando
Insistia no balado
Dizia meu Pai eterno
Acabe com esse inferno

O Lula e Zé Saleiro
Donos do Parque São José
Vieram de Pernambuco
Veja a coisa como é
Também desceram na cheia
Deixando suas mulheres

Na rua Prefeito Antônio Ferreira
O tormento foi danado
A água subindo muito
Fazendo o maior estrago
Se o povo não tem corrido
A cheia tinha levado

Agora eu vou dizer
O total de flagelados
5.500 pessoas
Ficaram desabrigadas
1.490 pessoas
Foi o total de enterrados

Agora caros ouvintes
Todos prestem atenção
Quando a cheia passou
Trazendo medicamentos
Roupas e alimentos

De todo o hemisfério
Chegou alimentação
Veio açúcar e bolacha
Veio arroz e feijão
Veio charque e colorau
Manteiga e também sabão

Os senhores podem ser
Que triste situação
Não ficou rico, nem pobre
Que tivesse distinção
Sofrendo a mesma dor
Era de cortar coração

Estou contando essa história
E você pode acreditar
Só acredita quem viu
Esta cheia se passar
Ou quem sofreu com as águas
E conseguiu se salvar

Por isso a minha mente
Gosta de se concentrar
Não conto a história toda
Para não arrepiar
Quando a cabeça não pensa
O corpo é quem vai pagar

Não precisa ser letrado
Para contar uma história
O bom mesmo é ter cabeça
E muito boa memória
Grandes acontecimentos
Eu conto em boa hora

O sindicato Rural
Que ampara a pobreza
Desceu a casa com tudo
Nesta noite de tristeza
Sei que depois da enchente
Só aumentou a pobreza

A barraca do tiro ao alvo
Foi arrastado do chão
Levada pela enxurrada
Fazendo um barulhão
E ela só foi parar
Na cidade de União

O Prefeito Oscar Andrade
Fez ponte, fez avenida
Estação Rodoviária
Com grande prazer na vida
Simplesmente a obra foi
Pela água destruída

Todo mundo aqui ouviu
A história que contei
Talvez um dia vão ler
Os versos que eu narrei
Pois tudo o que se passou
No pensamento guardei

Oh! Santo Deus criador
Tenha de nós compaixão
Cubra com seu manto divino
Nosso querido torrão
Nos livre de outra cheia
Aos mostos dê salvação

Nesses versos que eu li
Eu só disse a verdade
Porque acredito em Deus
O nosso Pai de bondade
Pois hoje a nossa Laje
Saiu da calamidade.

fonte:
http://www.princesadasfronteiras.com.br/pagina.php?pg=noticia&id=493