27 de julho de 2009

Lobisomem em Canhotinho


Uma reportagem do Diário de Pernambuco conta tudo sobre o lobisomem que atormenta os moradores da cidade de Canhotinho , no Agreste do estado. A matéria é do repórter Jailson da Paz e foi publicada em 25 de março de 2001
A cidade de Canhotinho, no Agreste pernambucano, não é mais a mesma quando a noite cai. As crianças vão para a cama mais cedo, os adultos evitam sair de casa e à meia-noite as ruas estão praticamente vazias. Não é medo de ladrão, nem o sono que chega antes da hora. São uivos estranhos e a correria dos cães que estão levando boa parte dos 24.919 habitantes do município a acreditar que tem um lobisomem à solta e pronto para atacar.
Se já havia desconfiança com a movimentação estranha nas ruas, a apreensão aumentou há 15 dias quando um carneiro amanheceu morto no bairro da Cohab. As marcas de mordidas no pescoço eram sinais de algo fora do comum. "Há 18 anos moro aqui e nunca vi bicho morto desse jeito", contou a dona de casa Maria do Socorro Viana de Sá, 42 anos. Mas o estranho, comentou Irene Bernadino Leal, 41, foi que durante a noite o carneiro berrava longe e ouviu-se barulhos estranhos seguidos da "latonia dos cachorros".
A história rapidamente correu e não faltaram interpretações, mas todas descambavam para o mesmo ponto: o matadouro da cidade. É nesse lugar acinzentado e de pouca vegetação que muitos acreditam ocorrer a transformação do homem, que bate na mãe e foi amaldiçoado por ela, em um lobo. "Fico arrepiada só de pensar que esse bicho vira espírito do mal por trás da minha casa", lamentou a dona de casa Josefa Pereira da Silgva, 53.
Mas Selma do Nascimento, 36, tem razão maior para se arrepiar. No começo deste mês, o filho dela, Jocimar, 16, chegou em casa apavorado. "Um cachorro preto enorme e com garras grandes correu atrás dele", comentou. Desse dia em diante, o rapaz não sai de casa depois das 22h e passou a ver o lobisomem como um risco verdadeiro e não mais como uma lenda. Até Selma, que via a história com desconfiança, ouviu uivos estranhos vindos do matadouro.
Se o lobisomem existe ou não, não importa para os moradores de Canhotinho. O que mais interessa é a lista com o nome dos suspeitos que viram o bicho. E é na rádio comunitária que Zé Soluço - personagem do radialista Haroldo Veloso - divulga a relação. "Lobisomem é como Papai Noel, todo mundo sabe quem é".
Entre os nomes está o de Cícero, filho de Cícera Liminato da Silva, 65. Meu filho bebe umas cachaças e a gente sabe que quem bebe, às vezes, perde a cabeça e faz besteira. Mas eu nunca amaldiçoei meu filho. Ele é um homem trabalhador", disse, defendendo o filho da acusação de que teria batido nela. Para Cícera, que a vida inteira ouviu histórias de lobisomem, o filho não tem jeito de ser o homem-lobo.
As versões da história chegaram a delegacia, mas só em palavras. "Nada de queixas", assegurou o agente Manoel Fernando Moraes. "Mas se aparecer vamos atrás do peludo. Mostraremos a cara dele para todo mundo ver". Alguns acreditam que o lobisomem é, na verdade, um urso.
Quarta-feira, 14 de Janeiro de 2009

Agricultora garante que viu o ser estranho comendo seus cachorros

Moradores da cidade de Canhotinho, no Agreste do Estado, estão vivendo uma rotina diferente há cerca de um mês. Crianças praticamente não saem de casa à noite, a maioria dos adultos tranca as portas depois das 22 horas e os que arriscam quebrar esse comportamento, correm o risco de ser atacados por um “lobisomem”. A população está aflita com os boatos de que o bicho que atormentou a cidade em 2001, está de volta uivando e atacando animais durante a noite.
Já são vários os relatos de pessoas que viram o monstro ou que tomaram conhecimento de sua presença em Canhotinho. O pavor aumentou no último sábado, depois do ataque que aconteceu no sítio Várzea. A agricultora Maria do Carmo Soares, de 57 anos, garante que viu o “lobisomem” comendo os cachorros de sua casa. “Eu estava assistindo televisão quando me levantei para ir apagar a luz da cozinha. Aí eu vi uma coisa estranha pela brecha da porta.
Quando eu fui olhar direitinho, era um bicho grande, todo peludo, com orelhas grandes e todo preto. Ele estava comendo um dos meus cachorros”, conta. O medo que ela teve foi tão grande que na hora ficou sem saber o que fazer. “Eu estava sozinha e fiquei sem ação. Chorei muito, fiquei desesperada”, afirma. Ela diz que no dia seguinte encontrou os seus três cachorros mortos. “Os pedaços deles estavam espalhados pelo terreiro. Eu nunca na minha vida vi um cachorro ser morto daquele jeito. Eu só consegui encontrar três pernas e uma cabeça dos cachorros. O resto ele deve ter engolido”, lembra.
No bairro Eliza Holanda, onde fica localizado o cemitério da cidade, os relatos são ainda mais assustadores. Um vigilante de um colégio, que pediu para não ser identificado, disse que chegou a atirar no pescoço do “lobisomem”. “Primeiro eu vi uma coisa muito estranha quando estava vindo para o trabalho. Foi por trás do cemitério, era como se fosse ele (o lobisomem) se transformando. No outro dia, eu estava aqui no colégio quando ele me viu e veio me atacar. Ele tinha dentes grandes e garras afiadas, deu medo, mas eu atirei no pescoço dele e depois ele saiu correndo pelo matagal”, garante.
A estudante Íris Frazão, de 19 anos, não viu o bicho pessoalmente. Mas ela diz que três cortadores de cana se depararam com o monstro numa estrada da zona rural e que tentaram matá-lo com facão, mas não conseguiram. “Eles estão vigiando o lobisomem pelos sítios aqui de Canhotinho”, conta a jovem. A estudante, como todas as outras pessoas que foram ouvidas pela reportagem, diz que o “lobisomem” é uma moça que mora perto do cemitério e que é acostumada a espancar a própria mãe. “A vida dela é bater na mãe. Todo mundo vê a coitada com a boca cortada e com marcas de unhas pelo corpo. Ouvi dizer que a transformação acontece num cercado que fica atrás da casa dela”, detalha. “Depois que o vigia deu um tiro nele, no outro dia ela foi atendida no hospital com dores no pescoço”, completa. (Folha de Pernambuco)