26 de novembro de 2011

Maringá perde “Pernambucano”

  • Maringá perde “Pernambucano”

  • Luiz de Carvalho

O pioneiro maringaense Manoel Pereira da Silva, mais conhecido como "Pernambucano", morreu na manhã de domingo, depois de passar 17 dias internado por conta de um enfisema diagnosticado há 10 anos.
Faltando 5 dias para completar 80 anos, o pernambucano de Canhotinho vivia em Maringá desde o início dos anos 50. Ele participou da primeira feira-livre realizada em Maringá e, por meio século, ao lado da mulher, Balbina Cecília da Silva, comandou uma das barracas mais conhecidas das feiras da cidade.
Apesar da idade avançada, Pernambucano não cogitava parar de trabalhar, nem mesmo quando as filhas Maria e Marilena insistiam que estava "na hora de descansar".
Assim, durante meio século, ele e Balbina pularam da cama invariavelmente às 3 horas da madrugada, de domingo a domingo, sem aproveitar um feriado sequer.
"Não assistimos ao Jornal Nacional, novelas das oito ou qualquer programa que passe depois das oito da noite", disse ele a O Diário há dois anos, lembrando que o casal sempre dormiu por volta das 20 horas.
"Além de um grande companheiro de trabalho, ele era amigo de todo mundo", disse ontem no velório o ex-feirante Arlindo José de Queiroz, que também participou das primeiras feiras de Maringá.
"A disposição dele era uma inspiração para os outros feirantes", completou Paulo Cesar Isaías que, com a família, trabalha na feira desde 1973. Suzana e Takashi Oyama, que igualmente estiveram nas primeiras feiras da cidade, também estiveram no velório para se despedir do amigo de meio século.
"As feiras de Maringá começaram pequenas, mas logo cresceram, ficaram imensas. Mas depois começaram a decair, na medida que nasciam os supermercados", lembrou o feirante, em entrevista concedida em 2009.
"Hoje elas são pequenas, muito diferentes de antes, mas ainda cumprem o papel. Tem gente que não perde a feira da semana."
Pernambucano tinha autoridade para fazer uma análise da história das feiras-livres de Maringá; afinal, comandou uma das três barracas da primeira feira realizada na cidade.
Pernambucano ainda era conhecido por Manoel, ou Mané, quando saiu de Canhotinho com Balbina para trabalhar nas lavouras de café no Paraná.
Não se deu bem na roça e mudou-se para a cidade, onde, sem profissão definida, arranjou um carrinho de mão, procurou produtores de verduras e frutas e saiu pelas ruas, vendendo.
No começo dos anos 60, quando a prefeitura atendeu à solicitação para levar feiras aos bairros, Pernambucano foi um dos chamados a trabalhar.
A primeira feira, contou ele a O Diário, foi em um mês de setembro, na Praça dos Correios, que na época era um descampado, pois não existia nas proximidades nenhuma das atuais construções. Das três bancas, uma era a de Pernambucano e Balbina, com frutas e verduras.
Pernambuco deixa viúva dona Balbina, duas filhas, três netos e dois bisnetos.

Vida
20 mil é a quantidade de feiras que, estima-se, Pernambucano tenha participado


fonte: http://maringa.odiario.com/maringa/noticia/508923/maringa-perde-pernambucano/